Sobre medos e amores.

Coloquei pra tocar um disco de músicas que falavam sobre despedidas que duram para sempre. Despedidas infindáveis, como um ciclo. Nada tinha me doído tanto na vida quanto o toque daquele piano.
Era como se meu coração tivesse sendo lentamente esmagado por mãos tão fortes que não me permitissem gritar - ou como se eu mesmo tivesse me permitido a sofrer calado.
Deito aqui nesse chão, entre cigarros apagados por lágrimas e restos de fotografias que ainda insistem em exibir sorrisos amarelados, manchados pelo tempo.
Nós fomos manchados pelo tempo e o que parecia ser amor, provou ser alguma sensação tão próxima que nos fizesse acreditar que éramos infindáveis.
Choro e outra vez me sinto ridículo por isso. Finalmente percebi que por mais doce que as borboletas sejam, não há como se livrar desse gosto de café gelado e amargo que é ter me livrado de você. É minha vez de ir embora.
Ironicamente, o dia que eu mais esperei em toda a minha vida desde que eu te conheci acabou por ser o dia mais dolorido de todos. Sinto como se eu tivesse morrido e, como se fosse criança de novo, esteja descobrindo quem sou.
Minha única vontade era sentar no alto de uma pedra com vista para o mar num daqueles dias chuvosos e ver a água turva quebrando contra a costa. Talvez se você me desse a mão, poderíamos pular e afundar em toda aquela imensidão de raiva, solidão e angústia. Finalmente percebi que esse é o momento que deixamos de pertencer um ao outro.
Eu nunca mais terei o direito de te amar - ou talvez eu te ame pra sempre dentro de um oceano raivoso, frio e confuso.
Pianos e violinos tocam as últimas notas da nossa história - uma trilha sonora de morte.
Meu coração é mar agitado quebrando contra a costa e nosso amor é turvo.

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