E haverá um campo
Vasto, verde, vivo
Que eu correrei descalço entre girassois dourados curvados para o norte
E toda a dor terá ido embora
Haverá um tempo de redenção
Longe dessa tormenta
Desse lugar inóspito
Desse vazio cinzento
Dessa angústia letal
Um tempo de florescer e brilhar e viver
Longe da sua semente maligna
Bem longe dos seus frutos ludibriosos
Em que seu cheiro se esvanecerá junto à brisa veranil
Em que minhas memórias queimarão no segredo do pra sempre
como velhas fotografias indesejadas jogadas no fundo de uma gaveta
E haverá então
Depois de ter se acostumado à escuridão
Um viver:
Um viver sem medo de abrir os olhos e se entregar às cores - tão vivas, tão intensas
Haverá um tempo de felicidade teatral
De frutos maduros e inocência infantil
E eu vou sorrir e olhar para os mares de morros tentando encontrar algum vestígio de toda sua pestilência
Mas flores terão dado lugar ao carreiro de ervas daninhas
Eu terei vencido o passado
E haverá um tempo em que você se resumirá somente a uma cicatriz que já não me doi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário