O que as águas me deram.

Teu amor foi escarro
De uma terra já não mais fértil
Meu coração, o murmúrio
De uma vida que padece

Deito-me sobre o leito de um rio qualquer
Meu leito de morte
Mas não desisto: me entrego
Rendo-me aos machucados
                 [que sujaram minh'alma de sangue e lágrima

Busco algum tipo de redenção tardia
Uma lavagem das ataduras 
                 [que me prendem a um passado infrutífero
De um amor efêmero e inóspito
E torno-me então, da mesma forma, hostil.

Grito atroz.

Trovoadas tremendas estraçalham meu coração
Tormentas terríveis trazem toda essa escuridão

Minh'alma desanda devagar diante de vós
Meu corpo cansado se entrega e se rende atroz

Risos de outrora se findam se fazem em breu
Raios de vida esvanecem se perdem no peito
                           [que um dia já foi luz, calor e verão, mas morreu.